A escritora e médium Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho vem se destacando no meio literário espírita com a publicação de histórias que têm comovido centenas de milhares de pessoas, consolidando sua fé no mundo espiritual e encaminhando-as para uma compreensão mais aprofundada do assunto.
Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho refere-se aos relatos que recebe por meio de psicografia como se fossem seus filhos. Natural de São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, Vera Lúcia já é um nome de destaque na literatura espírita, especialmente com Violetas na Janela, best-seller que já ultrapassou a marca de 1 milhão de exemplares vendidos.
O livro é uma novela assinada por Patrícia, um dos espíritos que entram em contato com Vera Lúcia, e foi adaptado para o teatro em peça montada por Ana Rosa em 1997, que desde então vem fazendo sucesso em todo o Brasil.
Ana Rosa disse que tinha de fazer a peça, uma vez que tinha muito a ver com uma perda pessoal, sua filha Ana Luísa, que morreu atropelada aos dezenove anos. Ela, seu marido e sua filha Beatriz ganharam, no mesmo mês, exemplares do livro de presente. A “coincidência” deu ainda mais impulso à sua intenção.
O sucesso das dezenas de livros que já publicou pela Petit Editora, explica Vera, deve-se aos Amigos Espirituais, especialmente o espírito Antonio Carlos, que foi quem lhe deu muitas orientações e amparo quando ela se iniciou na psicografia. Ela diz que ele está sempre presente, em todos os lugares aonde ela vá e que têm relação com os livros, inclusive nas sessões de autógrafos. O espírito Rosângela, responsável pelo livro O Difícil Caminho das Drogas, um dos mais recentes da autora, também tem estado presente. O mesmo não ocorre com Patrícia, que não tem vindo muito à terra uma vez que está trabalhando no plano espiritual.
Tanto Patrícia quanto Rosângela são responsáveis por uma maior aproximação com os jovens e o interesse deles pelos temas apresentados nos livros. Rosângela desencarnou quando iria completar catorze anos e foi socorrida logo após a morte de seu corpo físico. Vera Lúcia acredita que os jovens podem ter se interessado muito por seus relatos porque Rosângela usa a linguagem deles, entende seu mundo e suas dificuldades melhor do que ninguém. Assim, ela trata de temas polêmicos ligados aos jovens e adolescentes – assuntos que também devem ser lidos e conhecidos pelos pais, porque é uma forma de se conhecer melhor os jovens e entender seu mundo e suas dificuldades.
A médium diz que cada espírito tem seu próprio modo de trabalhar, e ela precisa se adaptar a cada um. Antônio Carlos, por exemplo, escreve em capítulos, escrevendo cada um no rascunho e reescrevendo-o duas vezes, para então passar a limpo, embora conte à Vera a história inteira. Já Rosângela escreve o livro inteiro no rascunho e volta a fazê-lo até que fique bom.
Em O Difícil Caminho das Drogas, o espírito Rosângela apresenta uma visão triste, porém objetiva, do que ocorre com os usuários de drogas ao chegarem ao mundo espiritual, dos problemas que enfrentam à possibilidade de reabilitação mediante tratamentos especiais. Além de mostrar de forma nítida os efeitos negativos já bastante conhecidos das drogas no corpo físico, ela também se estende sobre os problemas causados no espírito, algo a que poucos têm dado atenção.
Desde quando você é espírita?
Sempre admirei a doutrina espírita por sua coerência, me dando explicações raciocinadas. Me tornei espírita praticante em 1977, e desde então tenho estudado sempre e tentado pôr em prática o que aprendo nas tarefas do dia-a-dia.
Como começaram a ocorrer as psicografias? Quando você percebeu sua mediunidade e como ela foi desenvolvida?
Quando passei a freqüentar o centro espírita, Antônio Carlos se apresentou e me convidou a fazermos juntos uma tarefa com a literatura espírita. Começamos com um treino que durou nove anos, com horário marcado. Quanto a minha mediunidade, desde pequena vejo e converso com desencarnados. Tinha medo, embora minha mãe tivesse me ajudado bastante. Após compreender, tudo se tornou normal pra mim.
No livro O Difícil Caminho das Drogas, Rosângela diz que você foi ajudada, e que sofria com a influência de espíritos inferiores. Você poderia falar um pouco sobre isso?
Quando se tem mediunidade acentuada e não sabemos lidar com ela, nossa vida se complica um pouco. No meu caso, me angustiava ver espíritos pedindo para dar recados. Como em toda vivência, vemos espíritos bons, o que é sempre agradável; mas também vemos desencarnados que estão em sofrimento ou no caminho do mal, e quando isto acontece quase sempre recebemos deles influências negativas. Foi por isso que, sofrendo, procurei a doutrina e me tornei espírita.
No livro também é citado um Departamento da Reencarnação. Como ele funciona?
Em quase todas as colônias existem departamentos que orientam quem deseja saber sobre reencarnações, seja para recordar seu passado ou para se preparar para uma nova etapa encarnado. Tudo muito organizado. São normalmente edifícios grandes, com muitos trabalhadores. São locais movimentados, por serem muito procurados para consultas. Já fui levada em espírito, quando meu corpo físico dormia, para conhecê-los. Pelo que me lembro, são lugares muito bonitos.
Quantos livros você já escreveu? Quais os espíritos que se manifestam? Cada um deles fala sobre um assunto específico ou não?
Estamos totalizando quarenta livros. Meu mentor espiritual é Antônio Carlos, que escreveu a maioria deles. Psicografei também com a minha sobrinha Patrícia, que me ditou quatro obras e deu sua carreira por encerrada, pois achou que passou aos encarnados tudo o que queria. Hoje, Patrícia estuda e trabalha em uma colônia de estudos e não tem vindo mais ao material. Também já fizemos livros com Amigos diversos e com Rosângela; cada um tem seu estilo e modo de trabalhar.
Qual a relação entre drogas e suicídio no mundo espiritual?
Todas as vezes que danificamos um corpo sadio, seja por excesso de alimentos, tabaco ou álcool, podemos adoecê-lo e abreviar anos da existência encarnada. Tóxicos fazem muito mal ao corpo físico. O usuário de drogas que desencarna por usá-las pode ser considerado, no plano espiritual, um suicida inconsciente. Tóxico é veneno, e todo veneno mata.
Como você encara o espiritismo? Como uma religião, uma ciência ou um misto dos dois?
Espiritismo é uma religião que caminha junto à ciência. Por isso é que dizemos que ela nos dá uma fé raciocinada: compreendemos o que acreditamos.
É cada vez maior o número de mensagens de espíritos e comunicações sobre a vida após a morte. Por que você acha que isso está acorrendo?
A maioria das pessoas está procurando entender a vida como una. Ao ter o corpo carnal morto, sobrevivemos porque temos uma individualidade. Onde o desencarnado estiver, pensará nos que ficaram, e muitos têm tentado alertar, contar o que encontraram no plano espiritual aos que permaneceram ainda no plano físico. E muitos encarnados têm aceitado e compreendido por se acharem maduros, preparados para isso.
Muitos encarnados estariam se aproveitando, mentindo sobre as mensagens espirituais que recebem, seja lá qual for o objetivo?
Há abuso em tudo; infelizmente, nas religiões também. Pessoas sem preparo têm agido erroneamente, transcrevendo mensagens sem estudo e treino. Muitos o fazem com o intuito de simplesmente aparecer. Vejo isso com tristeza. Não se faz um trabalho sério sem os requisitos que citei.
Fala-se cada vez mais de extraterrestres convivendo e trabalhando com espíritos para atuar no mundo físico…
Nunca vi um extraterrestre e sei pouco sobre isso.
Como você vê o espiritismo hoje? Está mais organizado, mais forte e atuante?
Atualmente, o espiritismo está mais respeitado e conhecido. Para ficar mais fortalecido, devemos fazer, sempre, um trabalho organizado, usando o bem da doutrina espírita. Temos de nos aprimorar sempre e caminhar rumo ao progresso. Esperamos que os espíritas sejam cada vez mais honestos e que façam cada um o que lhes compete com amor.
Fonte: Revista Espiritismo & Ciência
Excelente entrevista! Parabéns pelo blog!
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