Os Espíritos são de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado. (LE 96)
As ordens ou graus de perfeição dos  Espíritos são ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de  demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser  multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os  caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três  principais.
Na primeira, colocar-se-ão os que atingiram a perfeição  máxima: os puros Espíritos. Formam a segunda os que chegaram ao meio da  escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira  os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos  imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que  lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza. (LE 97)
Cada Espírito tem o  poder de praticar o bem, de acordo com o grau de perfeição a que  chegou. Com relação aos Espíritos de segunda ordem, para os quais o bem  constitui a preocupação dominante, uns possuem a ciência, outros a  sabedoria e a bondade. Todos, porém, ainda têm que sofrer provas. (LE 98)
Os da terceira  categoria não são todos essencialmente maus; uns há que não fazem nem o  mal nem o bem; outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam  satisfeitos quando se lhes depara ocasião de praticá-lo. Há também os  levianos ou estouvados, mais perturbadores do que malignos, que se  comprazem antes na malícia do que na malvadez e cujo prazer consiste em  mistificar e causar pequenas contrariedades, de que se riem. (LE 99)
1.     As diferenças  entre os Espíritos se apresentam em quais aspectos?
Os Espíritos são  diferentes tanto intelectual quanto moralmente.
2. Essas diferenças  são permanentes ou temporárias? 
É essencial  compreender que os Espíritos não pertencem, perpetuamente, à mesma  ordem, e que, conseqüentemente, essas ordens não se constituem em  espécies distintas: são diferentes graus de desenvolvimento (Vide LE,  questão 776).
3. Qual a relação  entre as diferentes ordens de Espíritos e a reencarnação? 
As doutrinas que  defendem a unicidade da existência esbarram numa situação incontornável:  como explicar que as diferenças intelectuais e morais, tão patentemente  observadas no mundo, não decorrem de privilégios da Divindade? Com a  crença na unicidade da existência, não se poderia negar que os mais  inteligentes e mais adiantados moralmente tivessem mais sorte que  outros, que penam na ignorância e  na maldade. É por isso que teologias existem que mais servem para negar a  justiça e a bondade de Deus, que propriamente enaltecer sua Soberana  atuação no Universo. É o caso, por exemplo, da que defende a  predestinação das almas: algumas já nascem com o selo da “salvação” na  testa e, independentemente da vida que tenham levado, merecerão as  “delícias” do paraíso, enquanto outras, igualmente desconsideradas suas  qualidades morais, estão irremediavelmente destinadas ao “fogo do  inferno.”
Dessa forma, a reencarnação é o processo que mais se  ajusta à idéia da perfeição absoluta de Deus: ela explica como progridem  os Espíritos, passando de uma ordem inferior a outra imediatamente  acima, até que alcancem a Verdade.
Com isso,  aposentam-se as idéias de um paraíso fácil, dependente apenas da  filiação a um determinado segmento religioso, das preferências de um  Deus parcial, com preferidos e desafetos. Também sucumbem as fórmulas  religiosas, os ritos, sacramentos, que dizem algo externamente, mas que  não mudam em nada as inclinações inferiores.
Ressalte-se,  ainda, a importância do esforço individual e coletivo dos Espíritos a  fim de progredirem. Não se pode admitir que uma conversão de boca, de  aparência apenas, garanta privilégios futuros. 
4.     Com a Lei do  Progresso, dos seres e das coisas, pode-se depreender que Deus preferiu  que sua obra se completasse gradualmente e que suas criaturas  cooperassem de alguma forma no atingimento desse objetivo? 
Deixaremos a  resposta por conta de Calderaro:
“Não somos  criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão.  Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de  experiência em experiência, de milênio a milênio. Não há favoritismo no  Templo Universal do Eterno, e todas as forças da Criação aperfeiçoam-se  no Infinito. A crisálida de consciência, que reside no cristal a rolar  na corrente do rio, aí se acha em processo liberatório; as árvores que  por vezes se aprumam centenas de anos, a suportar os golpes do Inverno e  acalentadas pelas carícias da Primavera, estão conquistando a memória; a  fêmea do tigre, lambendo os filhinhos recém-natos, aprende rudimentos  do amor; o símio, guinchando, organiza a faculdade da palavra. Em  verdade, Deus criou o mundo, mas nós nos conservamos ainda longe da obra  completa. Os seres que habitam o Universo ressumbrarão suor por muito  tempo, a aprimorá-lo. Assim também a individualidade. Somos criação do  Autor Divino, e devemos aperfeiçoar-nos integralmente. O Eterno Pai  estabeleceu como lei universal que seja a perfeição obra de  cooperativismo entre Ele e nós, os seus filhos.” (No Mundo Maior, André  Luiz/Chico Xavier, Cap. 3)
5.   Qual a relação  possível entre aperfeiçoamento progressivo do Espírito e as seguintes  idéias: o bem e o mal; trabalho e livre-arbítrio; Justiça e Lei de Deus?  
As  almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem  conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para  adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim — que é  a perfeição — é para todos o mesmo. Conseguem-no mais ou menos  prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta  dos seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo  trabalho a concluir. Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros,  porquanto é justo, e, visto serem todos seus filhos, não tem  predileções. Ele lhes diz: Eis a lei que deve  constituir a vossa norma de conduta; ela só pode levar-vos ao fim; tudo  que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe for contrário é o mal. Tendes  inteira liberdade de observar ou infringir esta lei, e assim sereis os  árbitros da vossa própria sorte. Conseguintemente, Deus não criou o mal; todas as suas  leis são para o bem, e foi o homem que criou esse mal,  divorciando-se dessas leis; se ele as observasse escrupulosamente,  jamais se desviaria do bom caminho.
(Fonte:lespiritos.blogspot)

 
 



 
